Ao montar em uma bicicleta e sair
andando, dificilmente nos perguntamos como fazemos essa façanha sem cair para
um dos lados. Jamais pensamos como esse ato acontece de forma tão automática. O
pior é que, assim como andar de bicicleta, existem várias coisas que sabemos
fazer, temos consciência, mas nunca paramos para pensar em como fazemos. No
conceito de Epistemologia, isso se chama conhecimento tácito. É aquele
conhecimento que adquirimos ao longo de nossas experiências, mas não conseguimos
externar, simplesmente fazemos. Esse conhecimento está alojado na mente
inconsciente, e buscamo-lo sempre que precisamos tomar decisões cotidianas,
sejam elas de âmbito pessoal ou mesmo profissional. Essa base de conhecimento
alimentada diariamente pelas situações informais nos fornece subsídios para a
tomada de decisão. Seja na compra de um carro, na hora de escolher uma
refeição, nas escolhas de carreira ou de negócios, sempre recorremos às
experiências vividas. Se nas empresas a gestão desse conhecimento é utilizada exclusivamente
para funções técnicas, também podemos utilizá-lo para gerir nossa carreira. Nos
dias de hoje querer separar vida profissional da pessoal é pura utopia. As
relações estão mais intensas, a informação está acessível e em grande volume, e
por isso não tempos tempo de separar os papeis. Por isso que as empresas hoje
valorizam os profissionais que desenvolvem projetos pessoais fora do escritório,
proporcionando em sua vida pessoal um planejamento estratégico. O trabalho
voluntário e a experiência internacional são grandes formas de aprendizado e muito
consagradas entre os recrutadores. Toda e qualquer forma de aprendizado conta
para a sua atuação – o desafio é aplicá-lo. Uma experiência interessante é
tentarmos combinar os conhecimentos que já temos em outras áreas, e empregarmos
o máximo de empenho, planejamento e organização em tudo que fizermos. Podemos
buscar aprender com nossas experiências, sempre adquirindo novos conhecimentos,
ou podemos deixar as coisas acontecerem e determinarem o rumo de nossas vidas.
A escolha é nossa. Aliás, escolhas é o que teremos constantemente até o fim de
nossas vidas. Seja criterioso em suas escolhas.
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Funcionário Classe “A”
Por Moisés Costa
Jack Welch em seu livro Paixão
por vencer comenta sobre uma forma que criou para gerenciar melhor as pessoas
no ambiente organizacional. Vendo a diferença que existira entre os
colaboradores, onde cada um possuía sua específica forma de contribuição para o
alcance dos objetivos empresariais, além dos que nada contribuía, ele começou a
rotular as pessoas atribuindo uma classe para determinadas condutas e costumes
que regiam um grupo de pessoas. Com isso ele estabeleceu o funcionário Classe
A, B e C, sendo que o Classe B se divide em dois subgrupos, sendo “B–” e “B+”.
Pois bem, a figura abaixo ilustra
a posição de cada uma dessas classes, tendo como variáveis de medição os resultados
e o comportamento esperado pela organização. Na variável resultado temos como ideal a
pró-atividade, o alto nível de contribuição para se atingir os resultados
esperados pela organização, a competência desse colaborador. Na variável comportamento, temos como ideal a
postura adequada e condizente com os valores da organização, o nível de
adequação do seu comportamento no grupo, o trato com todos os níveis
organizacionais e a resiliência desse colaborador. Ambas as variáveis tem seus
extremos como ponto ideal de localização no gráfico abaixo.
Resumidamente falarei as
características de cada classe. O funcionário “Classe A” é o perfil ideal de
retenção das organizações. Porém para mantê-lo é necessário um ambiente que
proporcione o desafio e a motivação. Esse profissional é pró-ativo, está sempre
aberto para novas idéias e disposto a discutir critérios estabelecidos.
O “Classe B”, como dito
anteriormente, é dividido em dois subgrupos, sendo o “B-” e o “B+”. O “Classe
B+” tem um comportamento exemplar, é bacana e agradável e está sempre bem
humorado. Tudo que pede para ele fazer ele diz que faz, está sempre disponível,
mas quando faz o follo up ele diz
“Veja bem...”. Ele já não consegue contribuir mais para os resultados pois ele
não se atualiza, ele não vem acompanhando a evolução e seu diploma já perdeu a
validade. Ele é de confiança, mas não adianta somente isso pois as empresas
precisam de pessoas confiáveis e competentes, e esse último atributo não compõe
esse perfil. Já o “Classe B-” é o verdadeiro idiota. Uma máquina de gerar
resultados, é bom no que faz, conhece o mercado e pessoas influentes. Tem
consistência no conhecimento das atividades, mas é um ríspido, um grosso e
boçal na interação com pessoas. Normalmente o alto índice de indenizações em
processos trabalhistas nas grandes organizações decorre da chefia desse
profissional com seus subordinados.
O “Classe C”, que na média é a
minoria segundo estatísticas, não contribui para os resultados e não tem
comportamento adequado. Ele simplesmente precisa do emprego e normalmente é
especialista em legislação trabalhista. Faz discípulos e coopta pessoas para
sua ideologia. A sugestão do autor é que devemos demiti-lo antes que esse
funcionário consiga estabilidade. A intenção é dar a esse indivíduo a
oportunidade de rever seus valores e buscar reposicionamento no mercado de
trabalho. Quando o funcionário chega nesse estágio dificilmente tem solução, e
a tendência é corromper gradativamente seus pares e subordinados.
Temos duas constatações que
afetam esse cenário. Primeiro que ninguém nasce “Classe C”, e segundo que todo
empregado é um “Classe A” em seus primeiros dias de trabalho. Isso são
constatações de gestores e departamentos de RH que recrutam e acompanham o
desenvolvimento de suas equipes. Ou seja, a organização tem uma parcela de
culpa na formação de empregados “Classe C”. A chefia que não estimula, que não
desafia, que não dá feedback
constante acaba permitindo que o funcionário “Classe A” vire “Classe B”, e consequentemente “Classe C”. Liderança pobre e mal preparada é que estraga as
pessoas. Portanto, não basta rotular os empregados, é preciso rever as atitudes
na gestão de pessoas e buscar adequação em prol dos resultados e do bom clima
organizacional. Sem isso só teremos uma grande rotatividade entre colaboradores.
terça-feira, 7 de agosto de 2012
A importância da Administração Legal para os Escritórios de Advocacia
Por Moisés Costa
No intuito de obterem maior eficiência e qualidade em meio à
competitividade, os escritórios de advocacia buscam uma modernização de suas
estruturas organizacionais e administrativas, e o surgimento de novas bancas
colocam os escritórios mais antigos numa preocupação frequente, que é a revisão
de seus conceitos e métodos de gestão.
Hoje, no campo da administração, várias ferramentas e modelos de gestão
têm predominado no ambiente desses novos escritórios, que na maioria das vezes
são criados por jovens advogados detentores de uma gama de informações
privilegiadas. Esses jovens, nascidos a partir de 1980 (a chamada “Geração Y”),
são profissionais que possuem a ousadia, a curiosidade e a determinação como
características. Hoje é comum ter escritórios médios egressos de escritórios
grandes, com novos pensamentos.
Escritórios de diferentes portes, ou até mesmo advogados que pretendem
iniciar seu próprio negócio, são beneficiados pela utilização de novas
soluções, pois os problemas são, na maioria das vezes, semelhantes. Muitos dos
novos escritórios esbarram em
dificuldades na gestão por falta de planejamento prévio ou de uma estrutura
organizada, e isso atinge também as grandes bancas. A diferença é que nos
pequenos o declínio se dá num intervalo menor, comparado aos grandes, que
possuem rotinas já definidas e que se perpetuam ao longo do tempo e das crises. Para ambos o
insucesso diante da concorrência e perda de talentos é certo. Nos dias atuais é
cena comum profissionais promissores deixarem as grandes bancas por não
enxergarem uma gestão compatível, ou que atenda a seus anseios. Isso sem contar
o ambiente que não proporciona crescimento profissional, condições de trabalho adequadas
e tecnologia avançada.
Muitos escritórios insistem em valorizar apenas o trabalho dos
advogados, esquecendo que o administrativo tem vital importância nas atividades
diárias. O gerenciamento eficiente das atividades internas dará o devido
suporte aos advogados, liberando-os para a prática da advocacia, onde darão
mais atenção ao cliente. Rotinas internas bem estruturadas e definidas aumentam
a produtividade e libera o corpo jurídico para o acompanhamento forense, que é
de vital importância. O advogado não pode apenas se ocupar com atividades
internas vigentes do acompanhamento processual, pois é nos tribunais,
repartições e congressos que ele trabalhará o network e a captação de clientes. O advogado precisa se mostrar, ser
o cartão de visitas de seu escritório.
O crescimento não planejado acontece em meio às crises internas, e à
medida que vai aumentando o número de clientes e de processos reduz-se a
flexibilidade e aumenta a complexidade dos problemas, e suas soluções tornam-se
mais difíceis, exigindo a adoção de maiores controles. Isso ocorre por falta de
padrões internos, o que leva a tomada de medidas nem sempre coerentes com os
objetivos iniciais, e o advogado se vê envolvido em problemas de administração
interna perdendo seu precioso tempo. Na figura de “advogado-administrador”, decisões
são tomadas na intenção de solucionar os problemas que atingem a estrutura
organizacional, e com o passar do tempo alguns controles vão deixando de
existir e procedimentos vão ficando para trás, até o advogado ser surpreendido
com a perda de um prazo processual.
A figura do Administrador Legal se faz importante, pois o advogado deve
gerar lucro, captar cliente e atender com qualidade e presteza. O advogado é o
gerador de receita, portanto é necessário ter profissionais de outras áreas,
não geradoras de receita, que sirvam de apoio à equipe jurídica, permitindo
também que o advogado se atualize do ponto de vista intelectual e acadêmico. É
fato que na maioria das vezes a figura do sócio é centralizadora, e isso deve
mudar quando se busca uma profissionalização na sua gestão. O primeiro passo é
aceitar que um grande escritório precisa ter profissionais capacitados em áreas
específicas, como tecnologia, finanças, recursos humanos, planejamento
estratégico, marketing¸ atendimento
ao cliente, entre outras.
Um escritório bem estruturado possui uma boa equipe jurídica e dispõe de
um ou mais profissionais que se preocupam com todas as questões administrativas
do escritório. Nesse caso, o advogado não pode esquecer que na advocacia, assim
como em outros ramos, competências comportamentais e qualidades gerenciais se
tornaram imprescindíveis para ascender na carreira. O advogado, por mais que se
feche no universo jurídico, necessitará liderar equipes e gerenciar pessoas, e habilidades
importantes deverão ser desenvolvidas, como liderança, comunicação
interpessoal, capacidade de negociação, networking
e conhecimento do mercado. Essa preocupação fará do advogado um profissional de
sucesso, seja para quem trabalha em escritórios ou em departamentos jurídicos
de empresas. Uma pesquisa da GVLaw, departamento de pós-graduação da Escola de
Direito da Fundação Getúlio Vargas, indica que 80% dos advogados optam por
adquirir conhecimento jurídico quando escolhem um curso de especialização ou
pós-graduação, por acharem pouco nobre tratar de questões como gestão de
equipes, captação de clientes ou marketing.
Finalizando, um escritório que possui tecnologia avançada, ferramentas
gerenciais adequadas e rotinas de controle e revisão de atividades estará à
frente da concorrência. O crescimento do escritório deve seguir sua capacidade
de se gerir e a ciência da administração sugere hoje diversos instrumentos e
métodos que possibilitam uma gestão eficiente. A solução para tantos problemas
está na correta utilização desses instrumentos, preocupando-se com o
planejamento estratégico e as necessidades de seus clientes.
Fonte: Conjur
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Gestão do Conhecimento como diferencial estratégico
Por Moisés Costa
“A Gestão do Conhecimento pode
ser vista como uma coleção de processos que governa a criação, disseminação e
utilização do conhecimento para atingir plenamente os objetivos da organização.”
Esse conceito, extraído do livro Gerenciando
Conhecimento de Jayme Teixeira, mostra o quão dependente de uma eficiente
gestão do conhecimento estão as organizações hoje. A correta prática de Gestão
do Conhecimento (GC) deve fazer parte do ambiente de qualquer organização, independente
de seu porte. Do comércio à indústria é preciso adotar as melhores práticas
para gerir o capital intelectual disponível, ou até para descobrir talentos.
A GC nos remete a um emaranhado
de conceitos, pois por ainda ser considerada uma área nova e ser um elo entre tecnologia da informação e administração, têm seu berço na estratégia,
cultura e sistemas de informação de uma organização. O campo do conhecimento é muito amplo, visto que
compreendê-lo nos remete a epistemologia,
que por sua vez é um ramo da filosofia. Isso é, ao descobrirmos cada vez mais
as práticas de Gestão do Conhecimento, nos deparamos com conceitos e fatos condizentes
com o gênero humano. Ou seja, para entendermos não só a idéia de “conhecimento”,
como também as práticas para geri-lo, precisamos também compreender as pessoas.
Na edição n.º 162 da revista Você
S.A, o artigo 10 maiores erros dos
líderes novatos[1] mostra os principais erros cometidos por
jovens gestores, mas me arrisco a dizer que são cometidos também por gestores
de maior experiência. Erros como Baixo
foco em pessoas, Descuidar-se da
comunicação, Comportar-se como
colega e Dificuldade em dar feedback fazem parte do cotidiano de
muitos gerentes e executivos. Pelo menos sete entre os 10 erros apontados estão
relacionados à gestão de pessoas. Com a economia em crescimento, abrem-se vagas
e falta gente qualificada. A saída é promover internamente os jovens talentos.
Normalmente esses jovens não possuem vivência suficiente para conduzir pessoas,
e dessa forma não conseguem ir além da administração de recursos tangíveis.
FIGUEIREDO, em seu artigo A gestão do conhecimento. O que há de mais
humano na gestão[2],
explora o que ele julga ser a parte submersa do iceberg, pontuando algumas atuações não tão mencionadas como
práticas, mas que são essenciais para uma eficiente Gestão do Conhecimento.
A primeira delas é a caça ao
desperdício de talentos. É comum percebermos colaboradores atuando em posições
que nada tem a ver com suas aspirações e potencial. Situações como essa podem
resultar em prejuízos, já que por um lado o colaborador encontra-se atuando em
local indevido ou incompatível com seu talento, estando totalmente desmotivado.
Por outro, a empresa é negligente diante da existência de postos mais apropriados
aos interesses próprios e ao desenvolvimento e desempenho desses colaboradores.
Isso é puramente contraproducente e incoerente visto pelos olhos da GC. Além
disso, os talentos, quando descobertos, não são treinados com antecedência.
O talento é a chave das
organizações, principalmente quando são formados internamente. As organizações
precisam desenvolver formas de localizar colaboradores e recursos mal alocados
e trata-los à luz da GC. Pessoas desempenhando trabalhos paralisantes e
submetidos à rotina jamais poderão trabalhar seu potencial, pois não basta ter
atitude se não tiver conhecimento. Muitos gerentes hoje exigem mais iniciativa
e atitude de seus subordinados. Porém, atitude sem conhecimentos e habilidades
é um perigo às organizações, pois uma coisa está diretamente vinculada à outra
na obtenção do sucesso e da sustentabilidade. Precisamos identificar aquelas
pessoas que tem mais facilidade em ensinar e solicitar ajuda. Essas são pessoas
voltadas para o aprendizado, podendo exercer papel intermediador entre os dois
extremos da estrutura organizacional. A comunicação eficiente parte dos
responsáveis pela empresa devendo passar pelos líderes de grupo e atingindo os
colaboradores. Esses intermediadores possuem uma postura aplicada ao
compartilhamento e disseminação do conhecimento agregado na organização.
Treinar os colaboradores para o compromisso com a coletividade e se
apresentarem sempre disponíveis para aprender e ensinar algo, valorizando os
que sabem e os que pedem ajuda, é papel do líder.
As organizações precisam
compreender que o “patrimônio” intelectual da companhia pode ser usado por ela,
mas não obtido. Esse conhecimento tácito está na mente das pessoas, e elas só
farão uso dele quando se sentirem confortáveis e satisfeitos com as políticas
impostas. Tratar adequadamente o capital intelectual é hoje o diferencial no
campo da estratégia, pois a soma desse conhecimento mobilizado (colocado em
ação) é o que determina a maneira de se atuar no mercado, de criar inteligência
competitiva, de se relacionar bem com cliente, fornecedor e pares, de investir
adequadamente em tecnologia e de manter os valores de uma organização,
priorizando sua marca. A gestão desse capital intelectual deve se certificar do
correto uso do saber para alcançar os objetivos organizacionais. Se não, de
nada adiantará.
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