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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Gestão do Conhecimento como diferencial estratégico



Por Moisés Costa

“A Gestão do Conhecimento pode ser vista como uma coleção de processos que governa a criação, disseminação e utilização do conhecimento para atingir plenamente os objetivos da organização.” Esse conceito, extraído do livro Gerenciando Conhecimento de Jayme Teixeira, mostra o quão dependente de uma eficiente gestão do conhecimento estão as organizações hoje. A correta prática de Gestão do Conhecimento (GC) deve fazer parte do ambiente de qualquer organização, independente de seu porte. Do comércio à indústria é preciso adotar as melhores práticas para gerir o capital intelectual disponível, ou até para descobrir talentos.

A GC nos remete a um emaranhado de conceitos, pois por ainda ser considerada uma área nova e ser um elo entre tecnologia da informação e administração, têm seu berço na estratégia, cultura e sistemas de informação de uma organização. O campo do conhecimento é muito amplo, visto que compreendê-lo nos remete a epistemologia, que por sua vez é um ramo da filosofia. Isso é, ao descobrirmos cada vez mais as práticas de Gestão do Conhecimento, nos deparamos com conceitos e fatos condizentes com o gênero humano. Ou seja, para entendermos não só a idéia de “conhecimento”, como também as práticas para geri-lo, precisamos também compreender as pessoas.

Na edição n.º 162 da revista Você S.A, o artigo 10 maiores erros dos líderes novatos[1] mostra os principais erros cometidos por jovens gestores, mas me arrisco a dizer que são cometidos também por gestores de maior experiência. Erros como Baixo foco em pessoas, Descuidar-se da comunicação, Comportar-se como colega e Dificuldade em dar feedback fazem parte do cotidiano de muitos gerentes e executivos. Pelo menos sete entre os 10 erros apontados estão relacionados à gestão de pessoas. Com a economia em crescimento, abrem-se vagas e falta gente qualificada. A saída é promover internamente os jovens talentos. Normalmente esses jovens não possuem vivência suficiente para conduzir pessoas, e dessa forma não conseguem ir além da administração de recursos tangíveis. 

FIGUEIREDO, em seu artigo A gestão do conhecimento. O que há de mais humano na gestão[2], explora o que ele julga ser a parte submersa do iceberg, pontuando algumas atuações não tão mencionadas como práticas, mas que são essenciais para uma eficiente Gestão do Conhecimento.
A primeira delas é a caça ao desperdício de talentos. É comum percebermos colaboradores atuando em posições que nada tem a ver com suas aspirações e potencial. Situações como essa podem resultar em prejuízos, já que por um lado o colaborador encontra-se atuando em local indevido ou incompatível com seu talento, estando totalmente desmotivado. Por outro, a empresa é negligente diante da existência de postos mais apropriados aos interesses próprios e ao desenvolvimento e desempenho desses colaboradores. Isso é puramente contraproducente e incoerente visto pelos olhos da GC. Além disso, os talentos, quando descobertos, não são treinados com antecedência. 

O talento é a chave das organizações, principalmente quando são formados internamente. As organizações precisam desenvolver formas de localizar colaboradores e recursos mal alocados e trata-los à luz da GC. Pessoas desempenhando trabalhos paralisantes e submetidos à rotina jamais poderão trabalhar seu potencial, pois não basta ter atitude se não tiver conhecimento. Muitos gerentes hoje exigem mais iniciativa e atitude de seus subordinados. Porém, atitude sem conhecimentos e habilidades é um perigo às organizações, pois uma coisa está diretamente vinculada à outra na obtenção do sucesso e da sustentabilidade. Precisamos identificar aquelas pessoas que tem mais facilidade em ensinar e solicitar ajuda. Essas são pessoas voltadas para o aprendizado, podendo exercer papel intermediador entre os dois extremos da estrutura organizacional. A comunicação eficiente parte dos responsáveis pela empresa devendo passar pelos líderes de grupo e atingindo os colaboradores. Esses intermediadores possuem uma postura aplicada ao compartilhamento e disseminação do conhecimento agregado na organização. Treinar os colaboradores para o compromisso com a coletividade e se apresentarem sempre disponíveis para aprender e ensinar algo, valorizando os que sabem e os que pedem ajuda, é papel do líder.

As organizações precisam compreender que o “patrimônio” intelectual da companhia pode ser usado por ela, mas não obtido. Esse conhecimento tácito está na mente das pessoas, e elas só farão uso dele quando se sentirem confortáveis e satisfeitos com as políticas impostas. Tratar adequadamente o capital intelectual é hoje o diferencial no campo da estratégia, pois a soma desse conhecimento mobilizado (colocado em ação) é o que determina a maneira de se atuar no mercado, de criar inteligência competitiva, de se relacionar bem com cliente, fornecedor e pares, de investir adequadamente em tecnologia e de manter os valores de uma organização, priorizando sua marca. A gestão desse capital intelectual deve se certificar do correto uso do saber para alcançar os objetivos organizacionais. Se não, de nada adiantará.


[1] - “Revista Você S.A, v. 162, p. 56-62, 2011.”
[2] - “Revista GCBrasil, v. 01, p. 11-14, 2006.”