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terça-feira, 12 de novembro de 2013

Treinamento só não basta, tem que haver desenvolvimento profissional


Por Moisés Costa


As empresas têm investido em gestão estratégica de pessoas, deixando cada vez mais de lado a ideia do RH tradicional, que prioriza em sua atuação apenas as contratações, demissões e pagamentos. A importância de valorizar o Capital Humano tem sido crescente nas organizações de pequeno e grande porte, e na advocacia não pode ser diferente. O maior bem de um escritório são seus profissionais e o conhecimento que cada um agrega às suas atividades, e tratá-los com a devida importância contribui para criação de um RH mais elaborado e moderno.

Uma estrutura moderna pode contribuir para definição de práticas até então inexistentes em um escritório, visando atrair e reter talentos. Uma prática muito comum, mas pouco explorada, é o Programa de Treinamento, que por si só não atende às necessidades da organização, muito menos contribui para expectativa do profissional. É preciso haver desenvolvimento profissional, pois são situações distintas e complementares. 

O treinamento remete às questões técnicas e mecânicas, e utiliza de procedimentos sistemáticos e organizados direcionado as pessoas de nível não gerencial para obtenção de conhecimentos e habilidades necessários para o desempenho de uma função definida, tendo seus objetivos mais restritos e imediatos. Já o desenvolvimento remete a conceitos filosóficos e conceituais, visando ampliar, desenvolver e aperfeiçoar a pessoa para seu crescimento profissional em determinada carreira ou com intenção de torná-lo mais eficiente em sua função. Seus objetivos são de médio e longo prazo, com intenção de preparar o profissional para assumir cargos mais complexos. 

É preciso ampliar o programa de treinamento ao universo de colaboradores e em tempo integral, e não só pontualmente aos novos integrantes, pois deixará de lado o compartilhamento de informações e experiências, necessário para o aprimoramento pessoal e profissional. Treinamento exige tempo e dedicação dos superiores, e deve ser visto como investimento e não como “perda de tempo”. O escritório deverá destacar um ou mais gestores, que serão incumbidos de desenvolver os colaboradores, atendendo aos objetivos já estabelecidos pela direção. Devem-se definir os objetivos de cada função dentro das dependências, juntamente com um plano de desenvolvimento atrelado a esses objetivos, e os gestores que assumirão a responsabilidade na condução desses profissionais. Agir dessa forma permite explorar o potencial de cada colaborador, não permitindo que a qualidade do trabalho seja comprometida, pois nesse contexto a imagem do escritório está em jogo, e não só a do profissional em questão.

O programa de treinamento e desenvolvimento adequado requer um RH atento a outras questões que estão completamente entrelaçadas, como: recrutamento e seleção criteriosos; definição de plano de carreira e remuneração; programas de educação continuada; avaliação de desempenho; mapeamento de competências; estabelecimento de rotinas e procedimentos; feedback constante; entre outras. Treinar e desenvolver profissionais requer entendimento da cultura organizacional e de todas as rotinas que permeiam o negócio. O advogado precisa conhecer melhor a instituição na medida em que ascende na hierarquia para manter a qualidade do treinamento nos níveis superiores. Ou seja, a preocupação com o treinamento e desenvolvimento de pessoas deve ser constante na rotina do advogado, pois mesmo na condição de sócio terá que treinar seus associados deixando-os aptos a assumirem as responsabilidades de seu posto no futuro. De nada adianta a empresa estruturar bem o seu programa de treinamento, envolvendo o RH para intermediar a operação, com estagiários e funcionários bem selecionados e comprometidos com os valores da organização, se os profissionais designados ao desenvolvimento desses jovens, não estiverem dispostos a atuarem como verdadeiros mentores. 

A sugestão para definição de um plano de treinamento e desenvolvimento de pessoas é iniciar com a elaboração de manuais de procedimentos internos, onde o documento por si já oferece um norte aos colaboradores com regras e procedimentos para desempenho de suas funções. Em seguida, mapeando as rotinas internas e os fluxos de trabalho, consegue-se estabelecer um plano de treinamento por etapas, priorizando as questões introdutórias no desempenho das atividades e em seguida as questões mais técnicas, sempre se preocupando com a formação desses profissionais. Essa relação entre o mentor e o aprendiz exigirá um ciclo necessário para a melhoria contínua, que é: Treinamento, Delegação, Monitoramento, Avaliação de Desempenho e (Re)estabelecimento de Metas. O feedback será sempre um item fundamental nesse contexto e o acompanhamento constante por parte do advogado se faz necessário, para alinhamento e sinergia.

Por fim, deve-se avaliar o desempenho dos colaboradores na intenção de obter informações periódicas sobre o desenvolvimento desses profissionais, permitindo planejar a evolução de seus conhecimentos e habilidades. Haverá sempre a necessidade de atualizar os programas de treinamento e desenvolvimento, o que exigirá uma continuidade por parte dos gestores e coordenadores do escritório em conjunto com o RH.